Garatuja Desordenada

18-05-2010 21:17

 

    A Garatuja desordenada, primeira fase da Garatuja, é o embrião a partir do qual o grafismo se desenvolve, ou seja, é o primeiro rabiscar da criança. Segundo Piaget, faz parte da fase sensório-motora.

    A Garatuja é a partida para o desenho, que tão importante é para o desenvolvimento da coordenação motora, da musculatura fina dos dedos, da coordenação visual-motora, da organização do trabalho sobre a superfície do papel que se reflecte na organização espacial, do conhecimento das cores...Nesta fase, a criança ainda faz traços desordenados e ocasionais, que mais tarde evoluem para desenhos com um conteúdo reconhecível (Garatuja Controlada). Estes traços são realizados por puro prazer motor e de exploração do material, riscando tudo o que encontra, sem qualquer intenção representativa, são traços sem sentido, que podem ser repetidos à medida que a criança balança o braço para a frente e para trás, que variam de longitude e direcção, o espaço não é totalmente utilizado e os desenhos variam muito (ora fracos e concentrados, ora fortes e dispersos pelo papel). A criança pode mesmo não olhar para o papel enquanto desenha, ignorando os limites deste, segurando o lápis de várias maneiras, com as duas mãos alternadamente (anexo 6 a 19) e mexendo todo o corpo ao desenhar, fazendo-o acompanhar o movimento do braço. Existe normalmente uma expressão de alegria no rosto da criança enquanto desenha.

                Os materiais e as cores são também escolhidos aleatoriamente sem qualquer intenção, é normalmente o que se encontra mais perto.


Os dedos e os pulsos não são usados para controlar o objecto traçante, há um controlo muscular mínimo e o movimento do braço é em “varredura” ou “vaivém” a partir do cotovelo ou do ombro, são movimentos amplos, ocasionais e caóticos, resultando assim figuras abertas (principalmente linhas verticais ou horizontais). Contudo, não há qualquer controle motor e visual do traço.

Enquanto a criança não tiver estabelecido o controlo visual sobre os seus movimentos da garatuja será inútil exigir-lhe controlo sobre outras actividades. Ou seja, a criança não tem consciência de que o risco é consequência de seu movimento com o lápis. Esta relação traço-gesto começa agora a ser descoberta.

 

“Ao olhar esse registro até consideramos como rabiscos que não conseguimos entender, essa garatuja que se inicia sem forma e desordenada vai adquirindo certo ritmo até que este exercício vai assumindo formas.” MOREIRA, 1984

 

Assim, nesta fase, desenhar algo real não é possível, isso seria o mesmo que tentar fazer com que um bebé, que ainda não fala, a pronunciar correctamente as palavras.

Na escola, o educador deve permitir que a criança tenha liberdade sobre as suas criações e disponibilizar materiais variados, pois nesta altura que a criança está a despertar para a arte plástica ao mesmo tempo que desenvolve diversas competências já referidas anteriormente. O papel do educador nesta fase é extremamente importante, pelo que deve estimular a criança a experimentar e a rabiscar.

Os materiais mais aconselhados nesta fase são os lápis de cera, os lápis de cor e de grafite.

—————

Voltar